Humor Clássico e contemporâneo
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Humor Clássico...
Quem conta “piadas” que ultrapassam o limite do bom gosto, não raro, diz ser adepto
do politicamente incorreto. Como se isso fosse Hype ou Cool e, portanto, justificasse
tudo. Censura é uma coisa abominável. Mas não pode ser confundida com a proibição
de
usar meios de massa que possuem concessão pública para a apologia à discriminação
étnica,
à homofobia, à xenofobia e a preconceitos e intolerâncias – que é o que certas
piadas fazem.
Particularmente, considero deplorável quando humoristas fazem comentários ofensivos
ou
preconceituosos em veículos de comunicação de massa sob a justificativa de liberdade
de expressão.
Deplorável pelo conteúdo e por perceber que eles foram preguiçosos e não
se dedicaram com
inteligência à nobre tarefa de fazer rir
Há limites para o humor? O documentário ''O Riso dos Outros'', produzido para a TV
Câmara, discute
a partir de entrevistas com humoristas como Danilo Gentili e Rafinha
Bastos, o cartunista Laerte,
o escritor Antonio Prata e o deputado federal Jean Wyllys, o
limite entre a comédia e a ofensa, a
liberdade de expressão e o respeito à dignidade alheia.
Acho que o humor ''politicamente incorreto'', com raras exceções, nada mais é que o
velho humor
que sempre ridicularizou esses grupos que você aponta. Acontece que,
com a organização desses
grupos e a conquista gradual de direitos, é cada vez menos
aceitável que se faça piadas desse
tipo, ridicularizando um negro por ser negro, uma
mulher por ser mulher, um homossexual por ser
homossexual. É menos aceitável não
porque o mundo está mais chato ou careta, mas porque esses
grupos historicamente
ridicularizados, ao se organizarem, conquistaram direitos e voz para reagir.
A partir do momento que esse humor passa a ser menos aceitável, existe uma reação
daqueles que
querem continuar fazendo essas velhas piadas. Essa reação, que se diz
libertária na medida em
que combate a ''ditadura do politicamente correto'', de fato
está reagindo contra a perda de uma
liberdade: a liberdade de um grupo historicamente
dominante de oprimir, pela via do humor, os
outros grupos sociais. A liberdade de alguns
em limitar a liberdade e o direito dos outros. Uma
liberdade que, no fim das contas, não
passa de privilégio.
Assim, ao invés de dizer que o humor politicamente incorreto insiste em satirizar esses
grupos
que você aponta, o melhor seria dizer que o velho humor que insiste nessa sátira
revestiu-se de
uma nova roupagem e se autoproclamou, como reação, politicamente
incorreto.
Esse humor pode até criticar ricos e poderosos, mas raramente o objeto da
crítica será o fato de
serem ricos e poderosos. Eles serão ridicularizados por serem
mulher-gay-gorda-velho etc.
Criticar os ricos e poderosos por serem ricos e poderosos
não faz parte da pauta dos ''
politicamente incorretos'' porque no fim das contas, eles
dividem os mesmos privilégios.
Este blog, quando trata de temas relaciona comportamentos arraigados na sociedade e
o desrespeito
aos direitos humanos, é alvo de uma turba de leitores que querem me
queimar na cruz. Como foi a
recepção ao seu vídeo? Há muita gente brava com você?
Tem. Mas também tem muita gente que curtiu o filme. Muita gente que não concorda
com várias
posições que o filme toma, mas que reconhece a importância da discussão e
enxerga que o filme
levanta muitos argumentos pertinentes para o debate. Isso tem me
deixado contente, essa
multiplicidade de opiniões acerca da mesma obra.
Isso não quer dizer que o filme seja imparcial. O cerne é justamente demonstrar que a
imparcialidade não existe, que todo discurso, por mais leviano que seja, traduz os
valores e a
visão de mundo daquele que o profere. Assim sendo, como eu poderia
pretender fazer um filme
imparcial?
No entanto, tomei o cuidado de expor no filme e
na escrita todos os argumentos dos dois lados
da discussão. Não tem necessidade de
humilhar alguém ou expor, para se fazer um bom humor
Toda a argumentação está iá,
na sua integridade. Por isso tantas pessoas conseguem assistir e
ter opiniões diferentes
sobre os filmes.
O filme não pretende ser uma cartilha do que pode e o que não pode, o que está correto
e o que
não está. O filme apenas diz que por trás de um discurso de neutralidade existe
um
posicionamento. Que essa idéia de que você, por ser humorista, não tem
responsabilidade com o
que diz, é uma idéia ingênua que está a serviço de um
determinado tipo de humor. E se você quer
continuar fazendo esse tipo de humor,
é bom que saiba de que lado está dessa discussão.
Agora, por mais que muita gente tenha ficado brava comigo, não acho que seja o caso
de
personalizar a discussão. Nem eu sou um cineasta demoníaco, nem os humoristas
são vilões.
Acho que o maior valor do ser humano reside na sua capacidade de debater
e, a partir da
discussão, se reinventar. O fato do filme estar contribuindo para esse
debate, seja com reações
favoráveis ou contrárias, pra mim tem sido uma grande alegria.
A mudança é a muda da árvore que cresce! É a dança do corpo do tempo! Às vezes
rápida, às vezes tão devagar que nem percebemos... Mas a mudança acontece todos
os dias a cada milímetro do cabelo que cresce. Às vezes ela grita, às vezes ela vem
muda e prega peças!
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